OBIRICI Lenda de Porto Alegre - RS
O viaduto Obirici, situado no bairro Passo da Areia, zona norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na confluência das avenidas Assis Brasil e Plínio Brasil Milano, foi entregue ao tráfego em 1975. Construído pelo prefeito Telmo Thompson Flores, engenheiro que administrou a capital gaúcha de 1969 a 1975, ele faz a ligação do centro com a zona norte e outros municípios da Grande Porto Alegre, integrando um dos corredores de tráfego mais importantes da cidade. A estrutura principal é constituída, nas extremidades, por dois vãos com comprimento de dezoito e vinte e dois metros, junto aos encontros posterior e anterior, respectivamente, e quatro vãos intermediários de trinta e sete metros. No local foi instalado um monumento de bronze (ilustração), modelado pelo artista plástico Mário Arjonas e projetado por Nelson Boeira Fraedrich, homenagem da cidade a uma índia chamada Obirici, personagem principal de uma das muitas lendas que enriquecem o folclore porto-alegrense. A tradição nos dá notícia de que nos tempos anteriores à colonização do Brasil, a região onde se situa a capital do Rio Grande do Sul, era habitada por dois grupos de índios pertencentes aos tapes, antiga nação indígena sul-rio-grandense, uma delas (os tapimirins) ocupando os altos do morro Santa Teresa, e a segunda (os tapiaçus) as terras que margeiam o rio Gravataí. Conta a lenda que a jovem Obirici, pertencente ao primeiro grupo, apaixonou-se por Upatã, ou Arakén, um chefe guerreiro do aldeamento vizinho, mas para sua infelicidade, o seu escolhido já estava compromissado com uma índia chamada Iurá. Apesar disso, Obirici não desistiu: procurou o homem que amava e lhe confessou a intensidade do sentimento que trazia guardado no coração. Ao saber disso Upatã ficou indeciso, sem saber com qual das duas deveria ficar, e por isso meditou durante dias, tentando descobrir como resolver o problema amoroso que tinha em mãos: aceitar uma das moças sem magoar a outra. Finalmente, ele chegou a uma conclusão: as duas disputariam a sua companhia em uma competição de arco e flecha, da qual sairia vencedora aquela que atingisse o alvo escolhido um maior número de vezes. Nervosa, e por isso mesmo mais afoita, Obiraci foi superada por Iurá, e então, sem coragem de abandonar o local aonde a rival a derrotara, ela ficou só, amargurada e triste, observando o casal que se afastava abra-çado. Abatida, a jovem se sentou ali mesmo, e em prantos ergueu as mãos para o céu, suplicando que Tupã lhe mandasse a morte no primeiro raio de sol, ou na primeira carícia da lua. Quando este finalmente concordou em atendê-la, e chegou para buscar o seu corpo, este já não estava mais lá: em seu lugar corriam as águas das lágrimas que a jovem derramara durante três dias e três noites, lágrimas que muito puras e transparentes continuaram a rolar pela areia existente no lugar. A partir desse dia os índios passaram a chamar o pequeno curso d’água de Ibicuiretã, que significa “rio de areia”, “água que corre sobre o pó”, ou ainda, “passo da areia”, e foi daí, também, que surgiu o costume adotado pelas índias da região, de buscarem consolo pela perda dos maridos nas “lágrimas de Obirici”. Hoje, essa área da cidade está toda urbanizada, a areia desapareceu, e como a chegada do “progresso” transformou em fétido valão o ribeirão cristalino que brotava na baixada da Boa Vista, atravessava o bairro e desaguava no rio Gravataí, ele foi aterrado no início da década de 1980, quando ali se iniciou a construção de um shopping center. Da lenda, resta apenas a escultura de Obirici a relembrar a pobre índia que morreu de amor.
Abrassss Iú
sábado, 20 de dezembro de 2008
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