domingo, 28 de fevereiro de 2010

SERIEDADE

A piada era séria, e eu não entendi
Não se pedia risos
E por não saber
Simplesmente sorri

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

RELATIVIDADE

E o tempo, para onde vai
A quem se dá
Com quem permanece
Quem se torna seu senhor
Qual senhor se sobressai
Quem se torna seu filho,
O vento
Que se arrasta
Ou o tempo
É seu próprio pai?

Quanto tempo nos resta
Entre o último beijo
E a próxima estação
Quantos anos de espera
Entre o último inverno
E o próximo verão?

Quantas horas no escuro
Sob o ceú de uma cidade luz
Como um cego tateando o futuro
A busca febril
O louco seduz
Um mergulhador caçando tesouros
Sob o píer de um porto seguro

Há tantos anos luz de distância
Entre uma cidade às escuras
E um olhar iluminado
Há tantas de você entre os outros
Quanto estrelas
Em um céu enluarado

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Com Sciência

Até que um dia,
Por sorte, desdém ou teimosia
Seus demônios lhe aprendem o respeito

Não lhe assusta mais a carência
Já se permite viver calado
É quase bom viver sozinho
E até dormir acompanhado

Despedem-se da vida medidas
Melhor pecar por excesso
De risos, beijos, agruras
De amor e dor em demasia
De torrentes de paixão descabidas

Caem as máscaras da festa
O salão, de damas e dons
Grandes cavalheiros
Seus cheiros, gestos e sons
Quixote a lhes adornar a testa

Já se sabe o que se fora
E agora o faz com sciência
Não se luta mais contra maré
Sabe-se vã insistência
Não ser mais
Aquilo que se é

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Dia do Coringa

Beleza de poeta alucinado
Desconstruindo a ética
antiquada e kitch
Um dia de Coringa desvairado
Quem diria, por um instante
Um palhaço brindando Nietschze
Um engenheiro niilista
Arquiteto da anarquia
Anunciando a morte
Por sorte
Ou covardia
Mantém-a sempre à vista
O inferno arde ao lado
O Diabo às gargalhadas
Seu arcanjo maldito
O diverte em palhaçadas
Filho dedicado
Do ventre de mãe gentil
Soldado da desordem
Do sorriso permanente
Beirando o infantil
Ao ver o mundo em colapso
Meros fogos de artifício
De seu legado senil

sábado, 27 de junho de 2009

Poema Redenção

Me abandona a fantasia
A realidade me inunda
Meu faz já perdeu a conta
Zomba
Da carência de poesia
Das torrentes de desejo
Em quentes ondas terrenas
Para as quais dispenso ensejo
Já não apenas quero
Preciso...
Urgente, ardil
Saber
Onde o poema encontra a verdade
Quando o corpo padece febril
O sangue me sente a vida
A alma faz verão em abril
Na ilusão viver em realidade
Do plano real me basta um segundo
Cabe nele meu conto de fadas
Passeio ali minha volta ao mundo

terça-feira, 16 de junho de 2009

La Cancion de Los Buenos Borrachos, de Joaquin Sabina e Fito Paez

Cuatro gotas
de alquitrán en la voz,
siete notas empapadas de alcohol
campanadas
en el fondo del mar,
carcajadas
que me hicieron llorar...
Con un loro
que blasfema en latín,
le hacen corolos "sultanes del swing"
y una big band
con un trombón y bombin
de Nueva Orleans
en mi funeral.
Y ese tango
compadrito del sury
un fandango
de gitano andaluzy
un piano
con dos copas de más,
y unas manos
que lo sepan tocar.
Oraciones
para gente sin fe,
tentaciones
de volver a beber
el veneno
que tus labios me dan,
el obsceno
beso de la verdad.
La balada
de la casada infiel,
demasiadas
cosas por aprender,
el portero
de la Puerta del Sol,
el cartero
de tus cartas de amor,
el primero
en sacarte a bailar
un vals.
El vals
de la tristeza más triste del mundo,
la belleza que dilapidé,
la pereza de los vagabundos,
el rompecabezas que no terminé.
La palabra secreta, la mano
que planta violetas en el hormigón,
la maldita canción del verano,
la casa de citas de mi corazón.
Y el milagro del abecedario,
la tortuga que rompe a volar,
la ternura de los dinosaurios,
el aniversario de la soledad.
La liturgia de las despedidas
la bala perdida que viene por mí,
la nostalgia que amarga la huida,
la banda sonora de lo que viví.
La canción de los buenos borrachos
que, de madrugada,vuelven al hogar,
la canción que atropella los tachos
llenos de basura de la Capital.
La canción que se canta al oido,
la canción que no quieres oir,
la cantamos los malos maridos
cuando, en el olvido, pensamos en ti.
La canción de los buenos borrachos,
que, de madrugada vuelven al hogar,
la canción que atropella los tachos
llenos de basura de la Capital.
La canción que se canta al oido
la canción que no supe escribir,
la cantamos los malos maridos
cuando, en el olvido, pensamos en ti.

terça-feira, 24 de março de 2009

Torto

Me interessam as pessoas
Tortas
Os homens rotos
De dentes podres
Olhares escrotos
Desgrenhados
Gênios marotos
A história em vincos
As memórias nos rostos
As caras banidas
Dos mundos regrados
Por dias bem vividos
E noites mal dormidas

As putas
Marias sin rutas
Princesas dos becos
Rainhas dos puteiros
De ancas opulentas
Mamas tenras
Coxas suculentas
Gestos matreiros
Para bolsos generosos
E distintos cavalheiros