sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Alheio

Correm pessoas, apressadas
Contando vida em notas
Sujas, páginas rotas
O mundo girando, em contínuo
E no meio , fica meu lápis
Que de minutos faz horas
Leva-me vidas adiante
Dá-me reinos, castelos, princesas
As descobre, desvenda
Se decepciona, ou se alegra
Conta o amor e a dor
Contagia
Em corações faz folia
Incita-lhes a pensar, a amar
Ao mesmo tempo sorrir e chorar
A rainha que meus lápis desenha
Nem o tempo foi capaz de apagar

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Alento

Esta noite lhe trago sua colcha
Num sem cor branco, feitio em crochê
Em vulto feito o entrar do bandido
Desejo apenas ver-lhe aquecer
Provocar-lhe corpo, a libido

Esta noite lhe trago sua colcha
Macio manto sobre seu corpo
Pra que ela lhe permita o sonho
Profundo e despreocupado
O sono vadio e pesado

Esta noite lhe trago sua colcha
Meu corpo sobre o seu
E que lhe cubra o ouvido com palavras
Que lhe aperte as mãos com as minhas
E molhe os lábios com os meus
E que lhe acalante meu calor
Meu amor

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

1º de Dezembro

Então anjos à Terra olharam
E bradaram em uníssono amém
Iluminando o caminho
Entre floresta e firmamento
Que ainda hei de conhecer
Estrelas
Ao redor cirandaram
Por instantes
Demônios que a ti cobiçavam
Espantaram
Mãos outrora se explicavam
Gesticulavam
Desenhos a esmo no ar
Se enterneciam
Tateavam do amor
A face
Lábios outrora se abriam
Buscavam a palavra correta
Em vão
Agora se calavam
Beijavam a própria beleza
Pura e incerta
O que em momentos fora encontrado
Vida inteira de outro errante
A felicidade bruta
Eterna em um instante
Intensa e fulgáz
Medida em sorrisos
Trazida a tona a olhos vistos
Espremida entre pressa
E ansiedade do viver
Chama viva
Esperança
Certeza de saber
Alguém há por você
Alguém há de lhe encher o peito
Pois quem duvida do destino
Quer fazer seu próprio caminho
O fará
Da exata forma
Que o destino o quer feito

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Cancha Reta

Agarro as rédeas da vida
Deixo-lhe as marcas da espora
Sigo cego na cancha reta
Sou risco e rastro na terra batida

Conhecem-me o vento e a poeira
Sob a aba me secam a lágrima
Sob a pele, do sol, o valor
Sob a alma, da chuva, o calor

Uma vida a cada jarda corrida
Um segundo e já não sei quem era
Fui eu, assim, quem sabe até você
Talvez quem hoje você venera

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Verdade

Verdades são escritas em verso
Impressas em corações partidos
Ocultas em sonhos não revelados
Em pensamentos não ditos
Expressas em beijos roubados

Verdades são ditas em silêncio
No constrangimento de um olhar
Fulguram no rubor de um rosto
Quase ultraje sorriso em ti posto
Segue sereno meu barco
Rumo ao fundo do mar

Verdades adormecem em sussurros
De braços envoltos em vaidade
O curto manto a todos encobre
Certo é a vida sem ti mais pobre
Verdade por fim é saudade

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Amarelo

O sol amanhece o pensamento
Coldplay ecoa até onde a cama alcança
Celebra-se a vida em um momento
E tudo é amarelo
E o tempo finalmente descansa
Van Gogh inundando corpos
Complementando o cenário
Trabalho longo, desenho já sabido
Pincelado a esmo em anos tortos
Andando em círculos, renegando lábios
Ancorando na tranqüilidade de outros portos
Ousada teimosia, voltar ao princípio
Desafiar o destino e não se saber vencido.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

I wonder

Se todos tivessem de explicar a origem dos recursos para compra e/ou construção de bens imóveis, haveria muitos dirigentes e ex dirigentes de clubes de futebol dando trabalho a seus advogados!!!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Tanto

Amor
Pra que tanto?
Em pranto
Canto
Nem sei se santo
O manto
Sagrado da saudade
Em desencanto
Até quando?
Para sempre infanto
Por que o espanto?
Sou eu, e no entanto
Sou seu enquanto
Sonhar
Ou durar o encanto.