terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A vida é Bárbara

A vida é bárbara
E a felicidade, não distante
Se esconde ao aventureiro, errante
Camufla-se em sombra e máscara

A atitude acompanha, involuntária
Em tons diretos, determinada
Alheia a convenções ou indumentária
Uma nota reta, direta, afinada

Afrodisíaca e vitalícia inteligência
Sem culpa, medo ou sinal de dor
Em saber-se melhor e mais bela

Ao destino demonstrada ingerência
Pinta a vida à minha cor
Faz do mundo em canvas, minha tela.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Homenagem e desculpas

OBIRICI Lenda de Porto Alegre - RS

O viaduto Obirici, situado no bairro Passo da Areia, zona norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na confluência das avenidas Assis Brasil e Plínio Brasil Milano, foi entregue ao tráfego em 1975. Construído pelo prefeito Telmo Thompson Flores, engenheiro que administrou a capital gaúcha de 1969 a 1975, ele faz a ligação do centro com a zona norte e outros municípios da Grande Porto Alegre, integrando um dos corredores de tráfego mais importantes da cidade. A estrutura principal é constituída, nas extremidades, por dois vãos com comprimento de dezoito e vinte e dois metros, junto aos encontros posterior e anterior, respectivamente, e quatro vãos intermediários de trinta e sete metros. No local foi instalado um monumento de bronze (ilustração), modelado pelo artista plástico Mário Arjonas e projetado por Nelson Boeira Fraedrich, homenagem da cidade a uma índia chamada Obirici, personagem principal de uma das muitas lendas que enriquecem o folclore porto-alegrense. A tradição nos dá notícia de que nos tempos anteriores à colonização do Brasil, a região onde se situa a capital do Rio Grande do Sul, era habitada por dois grupos de índios pertencentes aos tapes, antiga nação indígena sul-rio-grandense, uma delas (os tapimirins) ocupando os altos do morro Santa Teresa, e a segunda (os tapiaçus) as terras que margeiam o rio Gravataí. Conta a lenda que a jovem Obirici, pertencente ao primeiro grupo, apaixonou-se por Upatã, ou Arakén, um chefe guerreiro do aldeamento vizinho, mas para sua infelicidade, o seu escolhido já estava compromissado com uma índia chamada Iurá. Apesar disso, Obirici não desistiu: procurou o homem que amava e lhe confessou a intensidade do sentimento que trazia guardado no coração. Ao saber disso Upatã ficou indeciso, sem saber com qual das duas deveria ficar, e por isso meditou durante dias, tentando descobrir como resolver o problema amoroso que tinha em mãos: aceitar uma das moças sem magoar a outra. Finalmente, ele chegou a uma conclusão: as duas disputariam a sua companhia em uma competição de arco e flecha, da qual sairia vencedora aquela que atingisse o alvo escolhido um maior número de vezes. Nervosa, e por isso mesmo mais afoita, Obiraci foi superada por Iurá, e então, sem coragem de abandonar o local aonde a rival a derrotara, ela ficou só, amargurada e triste, observando o casal que se afastava abra-çado. Abatida, a jovem se sentou ali mesmo, e em prantos ergueu as mãos para o céu, suplicando que Tupã lhe mandasse a morte no primeiro raio de sol, ou na primeira carícia da lua. Quando este finalmente concordou em atendê-la, e chegou para buscar o seu corpo, este já não estava mais lá: em seu lugar corriam as águas das lágrimas que a jovem derramara durante três dias e três noites, lágrimas que muito puras e transparentes continuaram a rolar pela areia existente no lugar. A partir desse dia os índios passaram a chamar o pequeno curso d’água de Ibicuiretã, que significa “rio de areia”, “água que corre sobre o pó”, ou ainda, “passo da areia”, e foi daí, também, que surgiu o costume adotado pelas índias da região, de buscarem consolo pela perda dos maridos nas “lágrimas de Obirici”. Hoje, essa área da cidade está toda urbanizada, a areia desapareceu, e como a chegada do “progresso” transformou em fétido valão o ribeirão cristalino que brotava na baixada da Boa Vista, atravessava o bairro e desaguava no rio Gravataí, ele foi aterrado no início da década de 1980, quando ali se iniciou a construção de um shopping center. Da lenda, resta apenas a escultura de Obirici a relembrar a pobre índia que morreu de amor.

Abrassss Iú

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Nem Todos os Poemas são para Você II

Já se foram pudor e medo
Perdidos junto à noção de tempo
Não mais recordo quando te deixei
Na aurora surda da vida
Impossível distinguir no vento
O local em que te encontrei
O amanhecer da sabedoria
Seria ainda cedo? Não sei

Derrotei hordas de mim mesmo
O exército mundano em desdém
Pisando flores, jardins do bem e do mal
Amaldiçoando tua sombra a esmo
Sentindo-se vencido antes do final
Ajoelhar ante o Diabo e dizer amém

Por toda a minha vida e destino
O caminho que sigo e escrevo
Felicidade deixada à sua mercê
Desenhada nas curvas que descrevo
Fiz dela cor, bandeira e hino
Mas entenda,
nem todos os poemas são para você.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Guitarra Campeira, de Emerson Gottardo

Guitarra eterno grito de guerra
Que pra defender essa terra
Jamais se calará

e cantando ficará
mergulhado na garganta
de um gaudério que canta
o que foi e o que será

desta terra que gerou
um nativo que ficou
sem lugar para morar
por que o tempo de passagem
destruiu toda paisagem
dos campos deste lugar

mas tu guitarra campeira
por ser eterna guerreira
ao meu lado ficará
se o homem que aqui habita
aos poucos se modifica
nosso campo, ficará

ficará... ficará...

eternamente no pampa
minha guitarra e garganta
pelo pampa ficará


que não se calem jamais
o canto dos ancestrais
que a força da nossa raça
não se entregue a desgraça
da invasão de estranhos loucos
que dominam pouco a pouco
o povo deste lugar

ficará... ficará...
eternamente no pampa
minha guitarra e garganta
pelo pampa ficará

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sohnatrave é Gol

Pipoca não tem antena
Mamão não é de vidro
E no motor de um fusca
Cabem um ponto cinco litros

Bola na trave não ganha jogo
Mas a gente sempre quer mais
A zaga é mais perdida
Que fiadasputa em dia dos pais

Sohnatrave, sohnatrave
Vamos celebrar o ócio
Sohnatrave, Sohnatrave
O empate é um bom negócio

A lua não é quadrada
Mas é nela que a gente mira
Futebol só tem valor
Pra justificar a bira

Banana não tem caroço
E se tem a gente chuta
Do peito pra baixo é perna
Mas nego voa é no Pescoço